terça-feira, 29 de maio de 2007

Funny Games

Quando eu escrevo alguma coisa eu odeio ter que explicar o que escrevi, mas nesse caso vou deixar um aviso: prestem atençào no final e no título do conto. Ok, como se alguém fosse ler.

Jogos engraçados

CICLO I: VÍCIO DOENTIO

-Nós somos o sadismo em sua forma mais brutal – gritou Caim
– Nós podemos observar e decifrar toda e qualquer fraqueza presente na mente de uma pessoa. A liberação de toda essa raiva depende apenas de como tudo é feito.
-E como deve ser feito? – perguntou Jonathan.
-É simples. Você tem duas opções: a primeira é matar com rapidez e brutalidade, e a outra é torturar, causar o desespero e depois matar. Normalmente eu prefiro a primeira opção, você tem chances de matar muito mais pessoas. Veja como é divertido.
Caim estava com a arma na mão, e a apontou para a mulher sentada no chão. Ela usava vendas nos olhos, e não via nada. Do seu lado estavam mais duas pessoas, um homem aparentemente velho e uma adolescente que não parava de chorar. Caim contou até três e atirou. A mulher caiu no chão, com a cabeça sangrando e uma música de fundo: a jovem ao seu lado começou a gritar cada vez mais alto.
-Sua vez – disse Caim entregando a arma para Jonathan.
-Quero que tirem a venda dela – pediu.
A adolescente estava com os olhos cheio de lágrimas, e antes que pudesse clamar por ajuda, Jonathan atirou, e qualquer vestígio de culpa foi-se embora, o que restou foi apenas a vontade de liberar essa violência presa em seus corpos.
-Muito bem – comentou Caim – Agora vamos para a sala das surpresas.

CICLO II – VÍTIMAS

-É necessário pegar a desgraça e acabar com ela. Toda essa violência interior só pode ser solta quando chegarmos ao extremo, e por isso necessitamos de ajuda. E essa ajuda só é bem-vinda quando há uma certa dor nos olhos de cada vítima. É necessário pensar que as pessoas escolhidas serão mortas e não há chances de qualquer volta, você escolhe quem quer matar, ou melhor, quem você deseja aplicar sua violência e assim começa fase de relaxamento, onde a cada liberação de violência, a culpa que persiste em sua mente começa a diminuir – disse Caim.
Ao acabar seu monólogo, Caim pediu ajuda para Jonathan, era preciso colocar as três vítimas dentro do carro, e começar a brincadeira.

CICLO III – SURPRESAS

-A sociedade exclui sem dó nem piedade, e nós fazemos a sociedade, por isso somos excluídos pela nossa própria ambição e falta de tolerância. O objetivo desse clube é tornar essa realidade o menos real possível, aqui você tem o poder de decidir, e não acompanhar o que a sociedade, composta de ratos humanos, o obriga a fazer – explicou Caim.
-A polícia sabe da existência desse clube? – quis saber Jonathan.
-Claro que sabe, mas quando ela descobre a nossa localização, nós sempre mudamos de lugar, é um clube bem seletivo, por isso só fazem parte pessoas que necessitam fugir do mal que é a vida do lado de fora.
Jonathan observou a sala em que estavam, e percebeu várias “vítimas” amarradas em cadeiras, elas contornavam a sala, fazendo um circulo quase perfeito, se não fosse por alguns corpos caídos no chão.
-Vamos aos jogos – disse Caim – pegue aquele envelope ao lado daquela cadeira, e leia.
Jonathan foi até a cadeira onde tinha um senhor de idade amarrado e pegou o envelope, abriu-o e leu: “Para a violência ser completa é necessário tempo, e isso nós temos bastante, então que tal começar usando uma faca?”.
- O que significa isso? – perguntou Jonathan.
-É simples, cada envelope contém uma maneira diferente de matar essas pessoas, e você deve mata-las do modo que está escrito aí, pois se fizer diferente, quem vai sofrer com a violência é você. Vamos começar?
Jonathan assentiu com a cabeça, e começou a procurar uma faca. Achou. Porém antes que começasse a praticar sua liberação de violência, ele escutou a sirene da policia.

CICLO IV: CICLO SEM FIM

-Elas estavam ao meu lado, pelo menos era o que parecia, pois estava com venda em meus olhos, mas só me lembro de ter escutado dois tiros, e a menina que não parava de chorar se calou – disse o velho, com uma rapidez fora do normal.
-Entendo – disse o policial – Muito obrigado Sr. Klaus, agora o policial Kennedy irá leva-lo até o hospital.
O policial esperou que o velho saísse, e pediu que entrasse o primeiro culpado, ou demente, como o policial gostava de falar.
-Então, hum... deixe me ver... Jonathan, o que exatamente vocês estavam fazendo lá? – perguntou o policial.
Jonathan olhava para o teto com uma curiosidade incrível, ele observava os movimentos do ventilador, e se sentia bem com aquele vento em seu rosto, e nada no mundo poderia tirar aquela sensação dele.
-Ande Sr. Jonathan me responda, estou começando a ficar furioso – o policial começara a mudar o tom de voz, e estava ficando mais agressivo.
O olhar de Jonathan não se desviava do teto, parecia que não escutava o policial, porém antes que continuasse com seus devaneios, ele sentiu uma dor aguda em queixo, e percebeu que estava no chão, com a boca sangrando.
-Então vai me falar ou não, pois se não falar, eu tenho duas mãos que posso usar, e você vai sentir essa dor muitas e muitas vezes... – antes que o policial terminasse a frase, Jonathan começou a rir histericamente, e cada vez mais alto.
-Você acha isso engraçado? Hein seu demente, me responda, você acha isso engraçado? – gritou o policial dando um chute na perna de Jonathan, que por sua vez disse apenas uma palavra:
-Sim – e voltou a rir como nunca rira antes.

Fim (Ou não :P)

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Do you have a sixth sense?

O sexto sentido

Tratar o sobrenatural de uma maneira natural pode ser um desafio para a maioria das pessoas, pois aceitar aquilo que os olhos não vêem, e que parece absurdo, é mais difícil do que aceitar uma perda ou a própria morte. O filme usa do sobrenatural como plano de fundo para nos mostrar o quão difícil uma vida se torna ao se descobrir novas coisas a respeito de nós mesmos, e como enfrentamos essas descobertas. O que fazer ao se ver diante de algo irreal, absurdo ou sobrenatural? Na verdade seria presunção responder uma questão dessa, pois é difícil separar o real do irreal algumas vezes, e outras vezes não aceitamos o que vemos e o que nos contam, por isso cada um tem sua própria reação.
O que o filme nos conta não é apenas uma estória sobre fantasmas, mas sim a chance de mudança de uma família e de um homem, ambos desolados pela tristeza e pela perda. Seria mais fácil afirmar que o menino é deprimido, paranóico, etc, só por causa da separação de seus pais, mas quando a situação se torna sobrenatural fica mais difícil de dar qualquer crédito para as estórias do garoto, porém Shyamalan (diretor/roteirista) consegue tratar o sobrenatural como algo real, atingindo feridas que muitas pessoas têm, mas não tentando cicatriza-las, apenas mostrando que o mais difícil é acreditar e quando se passa por essa fase, as escolhas se tornam mais fáceis, ou mais claras.

Nota: OP